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quarta-feira, 22 de junho de 2011

O que é mesmo ser amigo?

O que é mesmo ser amigo?PDFImprimirE-mail
Cristiana Passinato
CRIS PASSINATO   
Muitas vezes achamos que aquele quem nos passa a mão na cabeça e nos faz sorrir todo tempo é o nosso melhor amigo.
Não! Não é!
Por muitas vezes é aquele amigo que nos faz sentir dores muito profundas quem nos mais ensina.
Aquele que nos mostra o que é verdade, nos coloca o pé no chão, aquele que nos alerta de ilusões, que nos mostra os caminhos e diz: “reflita e faça o que entende por certo para você”.
Amigo nem sempre é aquele que mora perto ou sai com você, amigo pode ser aquele que está do outro lado do mundo, em outra cidade, hoje a sociedade virtual se fez real através das redes sociais.
Esse micro-globo de gente misturada que não tem classe social, fama ou dinheiro, todos se misturam e suas ideias e sentimentos vão se somando e uns se identificando com outros ou se repelindo, como na própria sociedade presencial.
Temos que começar a nos acostumar com isso, pois as fronteiras diminuíram e as ações se estabeleceram o bem tem vencido o mal, as ações solidárias, a política sendo mais fiscalizada a educação sendo mais aproximadora e inclusiva, isso pode ser um mundo mais justo, aquele que nós tanto sonhávamos, mas com um detalhe: com ética, verdade, transparência e sinceridade.
Sejamos amigos de verdade, sinceramente, em qualquer instância, ambiente, é tão bonito e gostoso saber que se pode contar com amigos, irmãos de fé.

Soneto (Álvares de Azevedo)

Soneto (Álvares de Azevedo)

Pálida, à luz da lâmpada sombria,
Sobre o leito de flores reclinada,
Como a lua por noite embalsamada,
Entre as nuvens do amor ela dormia!
Era a virgem do mar! Na escuma fria
Pela maré das águas embalada!
Era um anjo entre nuvens d'alvorada
Que em sonhos se banhava e se esquecia!
Era mais bela! O seio palpitando...
Negros olhos as pálpebras abrindo...
Formas nuas no leito resvalando...
Não te rias de mim, meu anjo lindo!
Por ti - as noites eu velei chorando,
Por ti - nos sonhos morrerei sorrindo!

Se Eu Morresse Amanhã (Álvares Azevedo)

Se Eu Morresse Amanhã (Álvares Azevedo)

Se eu morresse amanhã, viria ao menos
Fechar meus olhos minha triste irmã,
Minha mãe de saudades morreria
Se eu morresse amanhã!
Quanta glória pressinto em meu futuro!
Que aurora de porvir e que manhã!
Eu perdera chorando essas coroas
Se eu morresse amanhã!
Que sol! que céu azul! que doce n’alva
Acorda ti natureza mais louçã!
Não me batera tanto amor no peito
Se eu morresse amanhã!
Mas essa dor da vida que devora
A ânsia de glória, o dolorido afã...
A dor no peito emudecera ao menos
Se eu morresse amanhã!

Lembranca de Morrer - Alvares de Azevedo

LEMBRANÇA DE MORRER



Quando em meu peito rebentar-se a fibra,
Que o espírito enlaça à dor vivente,
Não derramem por mim nenhuma lágrima
Em pálpebra demente.

E nem desfolhem na matéria impura
A flor do vale que adormece ao vento:
Não quero que uma nota de alegria
Se cale por meu triste passamento.

Eu deixo a vida como deixa o tédio
Do deserto, o poento caminheiro,
– Como as horas de um longo pesadelo
Que se desfaz ao dobre de um sineiro;

Como o desterro de minh’alma errante,
Onde fogo insensato a consumia:
Só levo uma saudade – é desses tempos
Que amorosa ilusão embelecia.

Só levo uma saudade – é dessas sombras
Que eu sentia velar nas noites minhas…
De ti, ó minha mãe, pobre coitada,
Que por minha tristeza te definhas!

De meu pai… de meus únicos amigos,
Pouco - bem poucos – e que não zombavam
Quando, em noites de febre endoudecido,
Minhas pálidas crenças duvidavam.


Se uma lágrima as pálpebras me inunda,
Se um suspiro nos seios treme ainda,
É pela virgem que sonhei… que nunca
Aos lábios me encostou a face linda!

Só tu à mocidade sonhadora
Do pálido poeta deste flores…
Se viveu, foi por ti! e de esperança
De na vida gozar de teus amores.

Beijarei a verdade santa e nua,
Verei cristalizar-se o sonho amigo…
Ó minha virgem dos errantes sonhos,
Filha do céu, eu vou amar contigo!

Descansem o meu leito solitário
Na floresta dos homens esquecida,
À sombra de uma cruz, e escrevam nela:
Foi poeta - sonhou - e amou na vida.

Sombras do vale, noites da montanha
Que minha alma cantou e amava tanto,
Protegei o meu corpo abandonado,
E no silêncio derramai-lhe canto!

Mas quando preludia ave d’aurora
E quando à meia-noite o céu repousa,
Arvoredos do bosque, abri os ramos…
Deixai a lua pratear-me a lousa!